Orquestra do Estado conduz público a uma incursão pela música armorial em nova edição dos Concertos Didáticos

Expoentes do teatro regional se unem à Orquestra e ao maestro convidado Luiz Carlos Durier em apresentações especiais para a comunidade escolar e também, para o grande público, no sábado e domingo, no Cine Teatro Cuiabá



No mês de abril, a adaptação da obra escrita pelo mestre dramaturgo Ariano Suassuna, "A Farsa da Boa Preguiça", recebe um “ar” musical a partir de peças de importantes compositores da música armorial no palco do Cine Teatro Cuiabá.

Sob regência do experiente maestro Luiz Carlos Durier, a OEMT exibe um repertório singular, pensado para embalar as aventuras do poeta Joaquim Simão e sua companheira Nevinha (personagens de Suassuna), ao som de Guerra Peixe, Capiba, Zoca Madureira, Clóvis Pereira, Jarbas Maciel, dentre outros compositores icônicos.

Mantendo a dinâmica de inserir a música de concerto à realidade de estudantes da rede de ensino municipal, estadual e particular, nos dias 6 e 7, os Concertos Didáticos 2017 recebem 25 instituições de ensino de Cuiabá e Várzea Grande, em sessões matutinas e vespertinas já lotadas.

Já no sábado e domingo, dias 8 e 9 de abril, com início às 20 horas, os concertos estão abertos a todo público. Para este, os ingressos já estão disponíveis no guicheweb.com.br e na bilheteria do Cine Teatro (R$20 e R$10), em horário comercial.

Concertos Didáticos

O formato especial da série de Concertos Didáticos é, certamente para muitos jovens, a primeira janela de acesso a obras de extraordinários mestres das artes, numa grande investida da Orquestra do Estado de Mato Groso, que aposta no papel transformador da arte aliada a educação.

Stravinsky, Villa-Lobos, Nino Rota, Cervantes, Brecht, Ibsen, Suassuna, Fellini, Kurt Weill e Edvard Grieg despontaram entre as referências abordadas na primeira década de Concertos Didáticos, alcançando milhares de estudantes e educadores de mais de 300 instituições de ensino de Mato Grosso. Assim como no caso dos estudantes, pessoas de todas as idades podem incursionar pelo rico universo musical e literário.

“A Farsa da Boa Preguiça”, tema dos Didáticos 2017, baseado na obra de Ariano Suassuna tem direção cênica de Sandro Lucose e Cia. Teatro Mosaico. No elenco, Thyago Mourão, Daniela Leite, Karina Figueredo e Sandro Lucose encarnando os personagens idealizados por um dos mais ávidos defensores da cultura popular brasileira de todos os tempos.

Farsa da Boa Preguiça

“A Farsa da Boa Preguiça” é uma peça teatral escrita por Ariano Suassuna em 1960 e considerada uma de suas obras primas. É dividida em três atos, cada um apresentando

uma história completa que não necessariamente se liga às outras. Um dos temas é o elogio à preguiça, ou como melhor definia seu autor, o elogio ao “ócio criador do poeta”.

Inventada a partir de histórias populares nordestinas, “A Farsa da Boa Preguiça” foi escrita três anos após o enorme sucesso de “O Auto da Compadecida” (1957), mantendo então os mesmos elementos estéticos, aprofundando sua intenção de buscar na cultura popular, a fonte para um teatro erudito brasileiro, o que viria a ser, mais tarde, no início da década de 1970, uma premissa para o Movimento Armorial.

“A Farsa da Boa Preguiça” foi encenada pela primeira vez pelo Teatro Popular do Nordeste (TPN), com direção de Hermilo Borba Filho, em 1961, no Recife. Em 1995 foi adaptada para a televisão, num especial da Rede Globo estrelado por Marieta Severo, Ary Fontoura, Antônio Nóbrega e Patrícia França.

Na peça, o poeta popular Joaquim Simão tem três grandes fraquezas: preguiça, poesia e mulher. Homem sagaz, criativo, dotado de um humor espontâneo e debochado, é casado com a bela Nevinha, mulher humilde, dedicada, fiel, religiosa e de caráter inabalável. Enquanto a mulher tenta convencê-lo a trabalhar, os dois vivem rodeados por pessoas inescrupulosas, santos e demônios, como Aderaldo que peleja conquistar a fiel Nevinha, ao mesmo tempo que sua esposa, Clarabela, tenta seduzir o poeta.

Aderaldo representa o homem de negócios, ambicioso e predador, que quer a todo custo possuir a esposa de Simão. Acreditando em poder comprá-la, tenta seduzi-la com a promessa de bens materiais. Clarabela, mulher de Aderaldo, é uma falsa intelectual, fútil e lasciva, que abusa de expressões difíceis, a fim de mostrar uma erudição que não possui. Intolerante, superficial e hipócrita, quer ser reconhecida como uma mulher culta, tanto quanto seu marido deseja ser um homem de poder.

Movimento Armorial

Pode-se dizer que o trabalho de uma vida realizado pelo escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna resume bem o Movimento Armorial, sendo que a meta fundamental do Movimento é elaborar uma arte de natureza erudita a partir de elementos típicos da cultura popular. Esta corrente artística foi lançada no dia 18 de outubro de 1970, em um ritual consagrado na Igreja de S. Pedro dos Clérigos, acompanhado por uma mostra de artes plásticas e pela apresentação da Orquestra Armorial de Câmara, que tinha então como regente o maestro Cussy de Almeida.

Essa inovadora forma de expressão artística é marcada principalmente pela tendência de Suassuna em sintetizar elementos e figuras da cultura do povo nordestino e obras clássicas da literatura universal. A mistura de gostos e expressões é o que inspira o autor e seus companheiros do Movimento Armorial, criado para fazer face com a cultura estrangera.

Os integrantes do Movimento têm como objetivo empenhar todas as modalidades artísticas nessa direção (música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões). Assim, figuras de todos os campos das artes se uniram em favor de uma autêntica corrente cultural: Antônio Nóbrega, Antônio José

Madureira, Capiba, Jarbas Maciel, Guerra Peixe, dentre muitos outros nomes

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